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Sindicalização volta a crescer no Brasil após mais de uma década de queda e reacende a força da representatividade trabalhista

20/11/2025



Pela primeira vez desde 2012, a sindicalização no Brasil registra avanço. Dados recentes divulgados pelo IBGE apontam que a taxa de trabalhadores sindicalizados subiu de 8,4% em 2023 para 8,9% em 2024, totalizando cerca de 9,1 milhões de profissionais filiados a entidades sindicais. É um crescimento de mais de 800 mil trabalhadores em apenas um ano, interrompendo uma trajetória de perdas que se intensificou após a reforma trabalhista de 2017.

Apesar de ainda estar distante dos 16% registrados em 2012, o movimento é considerado significativo por dirigentes sindicais, que enxergam no dado um sinal de retomada da confiança dos trabalhadores nas entidades representativas. A tendência é impulsionada, principalmente, por mudanças no mercado de trabalho — marcado por rotatividade, vínculos híbridos, precarização e aumento da informalidade, fatores que levam muitos trabalhadores a buscar proteção, orientação e respaldo coletivo.

Regiões e categorias em destaque

O estudo mostra que Sudeste (9,2%) e Sul (9,8%) registraram índices acima da média nacional. O setor público continua liderando com 18,9% de sindicalizados, enquanto entre trabalhadores com carteira assinada no setor privado, a taxa é de 11,2%.

Já os profissionais em ocupações mais vulneráveis – como trabalhadores domésticos, temporários e informais – permanecem com índices baixos. Entre domésticos, por exemplo, o percentual é de apenas 2,6%. Por outro lado, cresce a adesão entre trabalhadores com ensino superior, que passaram de 13,5% para 14,2%, demonstrando que o sindicalismo tem ganhado espaço em setores mais qualificados.

Um sinal de reaproximação entre trabalhador e sindicato

O dado indica que, mesmo diante das dificuldades impostas pela reforma trabalhista e pela fragmentação das relações de trabalho, o sindicado volta a ser visto como instrumento de defesa e equilíbrio. Em momentos de instabilidade, é para o coletivo que o trabalhador tende a olhar.

O fortalecimento de práticas como formação profissional, atendimento jurídico, orientação sobre direitos, campanhas de saúde, ações sociais e ampliação de canais de comunicação direta com a base tem contribuído para essa reaproximação.

“Sindicalismo que dialoga, propõe e transforma”

Para Paulo Rossi, presidente da FENASCON, o crescimento representa mais do que uma variação estatística – revela uma mudança de percepção da sociedade em relação ao papel das entidades.

“O avanço confirma que os trabalhadores começam a reconhecer a importância de um sindicalismo moderno, acessível e conectado com a realidade atual. As entidades filiadas à FENASCON demonstram maturidade e visão de futuro. O sindicalismo cidadão, que dialoga, propõe e transforma, é justamente o modelo que defendemos.”

Segundo ele, inovação, qualificação e presença ativa nos locais de trabalho são pilares fundamentais para que as entidades ampliem sua relevância. A aproximação com trabalhadores terceirizados, jovens, profissionais em plataformas digitais e categorias atípicas também tem sido prioridade.